Desafios Lançados pelo Desenvolvimento dos Processos Tecnológicos à Aplicação da Matemática na Engenharia
Aos neo-positivistas da escola de Viena, opôs Popper a sua epistemologia de conjecturas e refutações, abrindo assim as portas ao que veio a chamar-se o pós-positivismo. No que se refere ao projecto tecnológico, a diferença essencial para as teorias científicas, é que, ao contrário do que acontece com estas, o modelo (que o projecto constitui) precede o artefacto. No entanto, uma vez este realizado, o projecto transforma-se numa teoria a que pode aplicar-se tudo o que Popper escreveu sobre falsificação e rejeição de teorias. Foram os computadores que tornaram possível a automatização de processos tais como o do projecto tecnológico. No entanto, nos anos 50, em que começaram a ser utilizados pelos engenheiros, os conceitos de programa e de programoteca constituíram um paradigma que, dada a sua rigidez, se tornou pernicioso para o desenvolvimento da engenharia, e teve pois que ser rejeitado. Na década seguinte, começaram a dar-se os primeiros passos para tornar possível modelar e automatizar toda uma série de processos que antes dependiam exclusivamente da intervenção humana. Assim se desenvolveu a chamada inteligência artificial. A utilização de palavras como aprendizagem, crença, criatividade, perícia e inteligência nas ciências computacionais pode parecer abusiva, dado que parece reconhecer aos agentes artificiais, atributos típicos do espírito humano. A utilização dessas palavras explica no entanto, em grande parte, a atracção que a inteligência artificial vem tendo sobre as pessoas e as grandes expectativas que criou. Tornou-a afável ("friendly"), por um lado. Facilitou, por outro lado, tirar partido de analogias que a complexidade torna por vezes difícil descobrir e explorar. Ora, a analogia é um dos principais instrumentos da criação intelectual. Na ciências computacionais, inspiraram nomeadamente instrumentos, como os algoritmos genéticos e as técnicas de computação neuronal, que se revelam apropriados para simulações, como as da criatividade e da aprendizagem, cruciais na automatização dos processos tecnológicos